No futebol, por mais que se ache impossível, o imponderável às vezes acontece. Por isso é o esporte que desperta paixões e transforma glórias em fracassos em 90 minutos. Foi assim na noite de 7 de maio de 2008, num Maracanã rubro-negro cercado de festa. Afinal, era a despedida de Joel Santana, treinador que tirou o Flamengo da quase lanterna do Brasileiro para alçá-lo a um terceiro lugar - colocação para o clube só pior do que os cinco títulos nacionais conquistados na competição na era Zico & Júnior - e à conquista do Campeonato Carioca, no último domingo.
Pois bem. Foi justamente a celebração de tudo isso que deu o pontapé inicial para o maior vexame da história rubro-negra. Não que o América do México não seja um grande clube ou não tenha tradição em competições. Nada disso. Mas o time atual é fraco, e a vantagem conquistada pelo Flamengo no estádio Azteca com a vitória de 4 a 2 dava garantia à sua festeira torcida de que a classificação para as quartas-de-final estava garantida.
Que a torcida pense isso, é compreensível. Mas uma diretoria, uma comissão técnica e, principalmente, os jogadores não poderiam entrar no clima de oba-oba. E esse erro é repetidamente cometido no Flamengo, clube conhecido por tantas glórias mas que carrega também o peso da soberba. Por isso é odiado na proporção em que é amado.
Dá para imaginar o que pensaram os jogadores mexicanos ao verem toda aquela festa antes do jogo para Joel Santana? Camisa de número 1.000 às costas - aliás, o que significava aquele número? -, recebia placas, beijos. Não deveria ter concordado com isso antes de viajar para a África do Sul. E antes, o seu sucessor, Caio Júnior, já vislumbrava a possibilidade de decidir o Mundial Interclubes. O Flamengo sequer estava classificado para as quartas-de-final, e o novo treinador, que nem assumira ainda a equipe, sonhava com uma final em outra competição.
O que se viu no campo foi o reflexo de tudo. Três dias de festas que tiraram o clube daquele considerado o maior objetivo do ano. A 'tropa de elite' formada durante nove meses foi desmontada. "Perdeu", literalmente, a vaga na Libertadores. Com os 3 a 0 do América, a equipe guerreira não existia mais. Heróis tornaram-se vilões. Deu-se um apagão. A euforia transformou-se num "silêncio ensurdecedor" no Maracanã. Depois, fora de campo, em violência injustificável. E em meio a toda incompetência, sobrou apenas a desilusão de uma imensa torcida apaixonada.
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...E nada de malandragem!